1° Onda

QUARENTENA - OBRAS DE ARTE SOB A PANDEMIA COVID-19

"A arte é confortar aqueles que são abatidos pela vida."

 Vincent Van Gogh.

COVID-19 O DESESPERO AUTORRETRATO  Óleo sobre Tela, Caos sobre a Terra  Autora: @vans.croft  Ano 2020
COVID-19 O DESESPERO AUTORRETRATO Óleo sobre Tela, Caos sobre a Terra Autora: @vans.croft Ano 2020

LE DÉSESPÉRÉ - COUBERT

Releitura fotográfica baseada na grande obra de Gustave Coubert.

Em seu autorretrato o pintor olha para o espectador em total desespero como se estivesse a pedir-lhe socorro. Socorro esse, que peço para nosso Brasil.

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COVID-19 The Despair Self Portrait

Oil on Canvas, Chaos on Earth

Author @vans.croft

2020

Photographic rereading, based on the great work of Gustave Coubert.

In his self-portrait the painter looks at the viewer as If he were asking for help. This help, which I ask for Brazil.

Esta releitura é a obra inaugural desse projeto de releituras de obras de arte sob a pandemia. Essa vontade de fazer releituras de obras sempre existiu em mim desde o meus estudos no curso de graduação em direção de arte pela UFG - Universidade Federal de Goiás. A vontade surgiu e permaneceu ali a sementinha esperando o momento no qual eu pudesse fazê-la de forma relevante para o mundo e para mim. Após ser professora no mesmo curso em que me formei, meu olhar foi evoluindo, e agora estou professora na Escola do Futuro em Artes Basileu França, onde eu tive a oportunidade de ministrar aulas de História da Arte. A vontade ressurgiu e concomitantemente tivemos a pandemia do COVID-19, que mudou o mundo e a forma de nos relacionarmos e nos expressarmos.

A crise política vivida pelo Brasil (desgovernança), a pandemia, as mortes; a falta do toque; a distância; os encontros cada vez mais virtuais; os desencontros; as mudanças; as descobertas de prioridades; as mudanças de prioridades; a valorização do simples; entre inúmeras coisas que posso citar sobre o que senti no começo da quarentena, foram a força motriz para me levar a externalizar o que sentia no peito que estava pra explodir dentro de mim.

Como eu digo para os meus alunos, os artistas são as antenas do mundo, eles captam o que o inconsciente coletivo vivência e materializa o sentimento para os olhos do mundo. Eu escolhi obras que sempre me tocaram para dar a elas uma nova roupagem de sentimento.

E esta obra de Coubert, Le Désespéré, quando eu voltei a analisá-la , eu tive um blow your mind imenso, pois eu senti uma catarse enorme somente em olhar a obra, era exatamente o que eu sentia sufocando o peito. Corri para estudar a Iluminação, a cor, o posicionamento dos braços e a expressão facial. Então fiz a minha crítica voltada para a atualidade, usei um jaleco usado por profissionais da saúde e o adereço que virou item essencial nos dias de hoje: a máscara.

A máscara do mapa mundi foi desenvolvida por uma amigo figurinista, Livas Cláudio. O jaleco é um item do meu acervo, pois antes de estudar direção de arte, eu cursava a graduação em Física e este era um item obrigatório para os laboratórios de física e química.

Após posicionar uma cadeira em frente a um espelho e a minha camera, eu busquei tudo o que eu estava sentindo e trouxe assim com Coubert, para a expressão facial. Demorou uma hora para eu conseguir acertar a contração muscular e o sentimento de desespero foi real, pois eu estava usando a máscara o tempo todo, estava muito quente, eu estava muito ansiosa, sentindo sufocada tanto pelo peso no peito quanto pelo uso da máscara (pois ainda não tinha me acostumado). Após chegar a um click favorável, eu fui para a edição, trabalhando ali a colorimetria e os ajustes de iluminação. O resultado você confere abaixo:

Aqui um video do making of:


BACO EM QUARENTENA 

BACO - CARAVAGGIO
BACO - CARAVAGGIO

Título: BACO EM QUARENTENA


  • COVID-19
  • Óleo sobre Tela, Álcool sobre Ela.
  • Ano 2020
  • Releitura da obra barroca "Baco" do pintor Caravaggio. Uma das mais belas pinturas do início de sua carreira.
  • Baco para os romanos, Dioniso para os gregos. Deus do vinho, da ebriedade, dos excessos, principalmente sexuais e da natureza.
  • Na pintura original, Caravaggio foca na leveza, forma e expressão provocativa e lúdica do deus romano.
  • Nesta releitura, no lugar de frutas e gostosuras para alimentar o corpo, temos os equipamentos eletrônicos e sua conexão com as redes sociais para alimentar a alma, o ego, e estreitar as distâncias, buscando não estar tão sozinho.
  • O aumento do consumo de álcool se tornou uma preocupação para a Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras drogas. Pois a bebida traz euforia, efeito de sedação, aumento da impulsividade, deixando a pessoa "sem freio", aumentando o índice de violência. Então galera, fica o alerta. Veja sua Live sem fazer festas, respeitem os limites e seus companheiros.
  • Na cabeça, no lugar da grinalda de folhas de videira simbolizando uma coroa, temos em destaque os boletos, pois aqui em casa, as contas dobraram, pesando sobre minha mente como blocos de concreto. As compras virtualmente também se tornaram mais presentes.
  • No meu caso, fiquei mais íntima do vinho.
  • Vinho, querido vinho. Um abraço de Baco.

Um pouquinho do Set de filmagens, vulgo meu sofá, pra você: 

VAN QUE ESCREVE?

VAN QUE ESCREVE? Óleo sobre tela, cobrança sobre Ela. 01/06/2020
VAN QUE ESCREVE? Óleo sobre tela, cobrança sobre Ela. 01/06/2020

VAN QUE ESCREVE?
Óleo sobre tela, cobrança sobre Ela.
01/06/2020
Releitura Croftana de:
São Jerônimo que escreve (1605-1606)
Caravaggio


Nessa quarentena, quantas vezes você ouviu: "Seja produtivo!". "Aproveite pra ler aquele livro parado na estante". " O que você está fazendo de diferente do seu concorrente pra superar essa crise?". "Onde um vê crise, veja oportunidade". E aí?
É difícil ser produtivo sob pressão de pandemia mundial, pandemônio na política, trabalhar sob a sombra do fantasma da morte. Crises de ansiedade em diferentes momentos do dia e com o mal do século batendo à sua porta (depressão).
Muita cobrança de produtividade, de saúde mental e física. As vezes a gente só precisa sentir o que está sentindo, não tem aquela frase que diz: "depois da tempestade vem a bonança"? Então, a gente precisa dos momentos tristes pra saber reconhecer os felizes, do ócio pra ter a criatividade e por aí vai.
Enquanto cobrei produtividade, trabalho, conhecimento, não obtive um segundo de sossego, apenas fiquei mais desesperada. Olhava o papel em branco e em branco ele ficava. Quem me conhece sabe o quanto falei de sair do momento que me achava estagnada.
Somente após aceitar que estava sem produzir pois estava desenvolvendo a semente que precisava ser regada e sim eu precisava de tempo, que devagar também é velocidade, só quando entendi e respirei, sim, respirei, as coisas começaram ali de pouquinho a fluir. .
Na obra de Caravaggio, uma das características é que São Jerônimo empunha uma pena que direciona o olhar do espectador para o crânio que se encontra sob um livro aberto, fazendo alusão ao tema fugacidade e fragilidade da vida humana.

Faço a mesma referência agora, a vida é fugaz e frágil. A economia se recupera rápido, as vidas que se foram, se foram. Lembre-se que sua vida é só uma, se proteja, respeite o seu tempo e seus limites, reconheça suas conquistas, tenha respeito e empatia pelo outro. Independente de status, cor, opções de vida, no final quando nos vamos é jogada na terra que nossas caveiras ficam. .

Sobre o processo:

  • Ultimamente Goiânia vem passando por um frente muito fria, aqui uso um blusão de frio que é próximo ao meu tom de pele e do tom de pele do Santo. Na pintura original, São Jerônimo está somente coberto pelo pano vermelho que simboliza a classe dos sábios. Seu corpo sem vestes simboliza sua caridade. Este santo foi o tradutor da Bíblia hebraica e transliterou-a para o latim. .

O Caderno que eu seguro, está em branco. Ele representa o caderno que sempre pegava pra começar a escrever meu projeto de mestrado, e eu nunca conseguia por uma palavra a mais lá do que "Pense". Devagar também é velocidade, aos poucos eu acredito que agora vai.

Um pouquinho do Set de filmagens, vulgo meu escritório, pra você. Com direito ao meu gato Zeus destruindo o cenário rsrs:  

Narciso Bloqueirinho  

NARCISO BLOGUEIRINHO
NARCISO BLOGUEIRINHO

Narciso Bloqueirinho. Oléo sobre tela, Fear of Missing Out (FoMo) 2020

Trago a reflexão do aumento de uso das redes sociais com o isolamento, afinal se tornou uma válvula de escape e um meio de se manter 'presente' e 'ciente' do que acontece com a vida das suas pessoas mais próximas e também das que não eram próximas, mas como você já está ali mesmo rolando o feed, não custa nada olhar né?

Eu percebi o aumento do gasto do meu tempo nas redes, até porque eu trabalho online, tanto parar preparar aulas quanto para ministrá-las e atender meus alunos(as). Acredito que você que está lendo pode fazer ai uma breve análise do seu tempo gasto aqui no instagram.

Fear of Missing Out, ou FoMo, significa o "medo de estar perdendo algo". É mais ou menos parecida com a sensação que temos quando deixamos de ir em algum rolê, de não entender uma piada internet, etc. Só que na internet o buraco é espacial. Por conta das redes sociais, as pessoas querem saber TUDO o que está acontecendo. E até que ponto você consegue balancear sua vida real da vida virtual? Até que ponto se expor? Qual a importância do like na sua autoestima? Como você se deixa influenciar e passar a mudar o seu olhar com relação o seu corpo? Será que você está gastando bem o seu tempo?

Eu li no Jornal da Manhã uma matéria sobre o tema e deixo uma parte aqui com vocês:

"Estamos numa época de influencers, de publicidade via redes sociais, e acaba que temos nestes espaços uma realidade construída. Muitas vezes o adolescente, ao ver o perfil de uma pessoa com uma vida aparentemente perfeita, acaba desenvolvendo expectativas irreais. É como se a sua vida não correspondesse, não fosse igual, não estivesse nos mesmos parâmetros, seja de realização financeira ou de imagem", explicou a neuropsicóloga Márcia Baiocchi Amaral.

Mais do que sentirem-se frustrados por não ter uma vida como a de outras pessoas, a exemplo dos influenciadores, os jovens também acabam dependentes dos 'likes', conforme observa a profissional. "É ativado o sistema de recompensa cerebral. E se eu não tenho aquele like, eu não me sinto satisfeito", explica Márcia. Não é à toa que o Instragram foi avaliado como a rede social mais prejudical à mente dos jovens, conforme a pesquisa mencionada. E para combater o clima de competição dentro da rede, focando no conteúdo - conforme nota divulgada pela própria empresa - decidiu-se ocultar o número de curtidas nas postagens de todos os perfis do Instagram. Medida avaliada de forma positiva pela neuropsicóloga. "Autoridades de saúde já haviam recomendado essa medida, e também recomendado que as redes sociais colocassem avisos sobre o uso nocivo. A contagem gerava uma competitividade entre os usuários. O Instagram é a rede que mais impacta negativamente na saúde mental, muito em razão das imagens perfeitas. Pesquisas também mostram que seu uso impacta no sono, na autoimagem, no medo de ficar por fora dos acontecimentos", disse. (Fonte: https://www.clicjm.com/noticia/3886/redes-sociais-uso-abusivo-aumenta-depressao-entre-jovens)


Segundo Márcia, o ideal é que adolescentes ou adultos fiquem até 2 horas em contato com tecnologias. Mas há estudos que mostram que o tempo médio, gasto em redes sociais, é de 137 minutos por dia - sem contar o uso do WhatsApp. "O contato com as redes acaba gerando a diminuição dos contatos sociais. A gente vai deixando de fazer outras atividades, vai perdendo a produtividade no estudo, no trabalho."

E ai, o quanto da sua vida real você está deixando de viver? O quanto você se deixa abalar pelos ideais de beleza e os likes?

SOBRE O PROCESSO

Esta releitura foi beeeem difícil, a luz usada por Caravaggio foi difícil de recriar, tendo em vista que ele usou duas direções diferentes na iluminação..

O cenário volta novamente a ser minha sala, agora usando a única parede que não possui quadros rsrs. Coloquei um fundo infinito de tecido preto, grudado com fita adesiva ( a queridinha de todo diretor de arte). Posicionei a camera fotográfica em cima de uma caixinha baixa de madeira (minha caixinha de jóias) e coloquei um espelho logo atrás para que eu pudesse me olhar e corrigir a minha postura corporal. Posicionei um flash em 45º a minha diagonal direita e um flash na altura do meio do meu corpo também de lateral direita.

Coloquei o meu celular na posição em que, no quadro original Narciso olha para seu reflexo na água, eu estou olhando a minha "rede social". Reflexo este que foi manipulado via edição.

Neste não consegui fazer um videozinho do processo, afinal estou de quarentena com meus 4 gatos rsrs.

Sobre o quadro Original:

O quadro foi pintado no início da carreira de Caravaggio em Roma, e só foi redescoberto no século 20, pelo historiador Roberto Longhi em 1916, apenas dois anos antes do ensaio de Freud "Sobre o narcisismo", que define o conceito psicanalítico como organizador do ego.

O artista utiliza o efeito claro-escuro (chiaroscuro) para apresentar o personagem iluminado por um refletor de palco que mostra o que devemos ver, o restante é um bloco negro sobre as costas do personagem, refletido mais abaixo em tons lavados.

Caravaggio retrata o jovem agachado com as mãos na beira d'água numa composição que o aprisiona numa dança consigo mesmo: o braço esquerdo imerso na água até o pulso, se prolonga no reflexo. Igualmente, a mão direita encontra o seu duplo na superfície da água, parecendo um ouroboro humano, uma figura antropomórfica presa num círculo.

Anestesiado de si mesmo, o personagem inclina a cabeça para baixo num movimento em direção ao seu reflexo. Pelos músculos do pescoço e do braço direito, vemos que Narciso faz um esforço descendente e gradual. Um dos pontos mais impressionantes é esse movimento: quando nos distraímos e voltamos a ele, a impressão é de que Narciso está um pouco mais perto do espelho d'água.

OLHA A FESTA JUNINA! É MENTIRA!!!

OLHA A FESTA JUNINA! É MENTIRA!!! Óleo sobre tela, frustrado sem a festa. Ano 2020
OLHA A FESTA JUNINA! É MENTIRA!!! Óleo sobre tela, frustrado sem a festa. Ano 2020

OLHA A FESTA JUNINA! É MENTIRA!!!
Óleo sobre tela, frustrado sem a festa.
Ano 2020.

Releitura Croftana de:
Cat in a Hat - Rene Magritte, 1920.


Acho que meu querido Ikki Bones representa todos nós né? Frustrados sem festa junina. Ainda mais quando ouvimos: "Até junho o corona foi embora, ninguém toca na nossa canjica." E? É mentira, sim senhor!!

  • Brasileiro precisa ser estudado pela NASA mesmo. Início dos casos de COVID-19 no mundo, o brasileiro estocando comida e papel higiênico. Pico de COVID-19 no Brasil, brasileiro dando festa com toda a vizinhança, live vira show de camarote no condomínio; ninguém usa máscara e gente roubando seu álcool em gel. Ikki "não tira o chapéu" pra vc que tá agindo assim. . 

O chapéu que não é do Magritte

Meu chapéu de festa junina.

Ikki

Aqui temos a foto original do Ikki, bem pistola pois eu já estava tentando tirar uma foto dele sentado já havia um tempo e do outro lado a foto do chapéu de quadrilha. Depois fiz a montagem de ambos e reconstruí o fundo como o da pintura de Magritte. 



Ikki tá frustrado com você, com o Bostonaro, e comigo que tô 24 hrs dentro de casa e não paro de beijá-lo, não lhe dou um minuto de sossego!
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Ele mandou dizer: "Pula na fogueira de mãos dadas com o Bolsonaro, Coronga!!!" 

LE PRINCIPE DE RÉINVENTER

LE PRINCIPE DE RÉINVENTER O PRINCÍPIO DE REINVENTAR Óleo sobre tela, home Office não dá trégua. 2020
LE PRINCIPE DE RÉINVENTER O PRINCÍPIO DE REINVENTAR Óleo sobre tela, home Office não dá trégua. 2020

LE PRINCIPE DE RÉINVENTER
O PRINCÍPIO DE REINVENTAR

Óleo sobre tela, home Office não dá trégua. 2020 

Releitura Croftana de LE PRINCIPE DU PLAISIR - Rene Magritte - 1937.

Quantas vezes tivemos que ser criativos e nos reinventar para manter nossos empregos e nossa renda nessa quarentena?
Com o trabalho em home Office eu me deparei com algumas coisas, talvez você também se identifique, ainda mais se for professor/a ( e se lhe é possível esse formato de trabalho):
Descobrimento de novos programas e meios de usar a internet e redes sociais; aprender a dar aulas via videoconferência; falta de recursos tecnológicos; falta de praticar exercícios físicos por estar muito tempo em frente ao computador preparando aula; a falta ao acesso a internet; o mundo lá fora caótico, mas a casa da gente também; aprender a estudar e ter disciplina; o trabalho passa a não ter hora para terminar; as vezes o dia todo até a noite você só fala em trabalho ( arrumar emprego, perder emprego, novo emprego, não ter mais um emprego, amigos perdendo emprego, amigos começando um novo negócio, vc pensando em trocar de área, e por aí vai...)
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Algumas crises de ansiedade pelo caminho também são comuns. O stress também está bem elevado. O exercício da criatividade se tornou frequente, necessário e as vezes nem tão prazeroso, afinal aqui ele vem pra solucionar problemas e evitar complicações maiores.
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Nosso cérebro é nosso maior recurso, é nossa luz quando tudo está escuro.
E quem melhor que o brasileiro pra se reinventar, não é mesmo? Aos trancos e barrancos a gente vai se moldando, se estruturando, se reinventando. Que coisas melhores nos aguardem no futuro.

LE PRINCIPE DU PLAISIR
Rene Magritte - 1937
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Pintado em 1937, O Princípio do Prazer, de René Magritte, é um retrato fascinante que retrata Edward James, um dos mais influentes patronos da arte surrealista, que foi apresentado a Magritte por Salvador Dalí em 1937.
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O presente retrato foi tirado de uma fotografia de acordo com as especificações do artista pelo colega surrealista Man Ray. Magritte imaginou o conceito para o presente trabalho antes de conhecer James - em 1936, o artista incluiu um esboço a tinta semelhante ao óleo na primeira página de um livro feito à mão em homenagem ao poeta surrealista Paul Éluard. Um destaque da Impressionist & Modern Art Evening Sale da Sotheby's em 12 de novembro, este trabalho fascinante foi leiloado por 26,83 milhões de dólares em novembro de 2018.

A obra apresenta vários temas duradouros e reconhecíveis da obra de Magritte: paradoxo visual e cerebral, uma alteração estranha do familiar e a tensão entre o visível e o oculto. Em junho de 1937, Magritte apresentou a ideia desse retrato em uma carta a James: "Fiz uma foto representando um homem cuja cabeça é uma luz ... considero isso como Em um estudo preliminar, a imagem real, como eu imagino, ainda está para ser pintada, mas como ela seria destinada a você, você não acha que sua pessoa poderia ser reconhecida nela também? Se a ideia lhe agrada, tudo o que você precisa fazer é ser fotografado com o rosto cheio em uma mesa com os braços cruzados e apoiados na mesa e uma espécie de pedra sobre a mesa à sua direita e não muito longe do seu braço. E envie-me a fotografia "(citado em D. Sylvester, ed., René Magritte Catalog Raisonné, op. Cit., Pp. 249-50). James contratou o colega surrealista Man Ray para tirar sua fotografia, que ele rapidamente enviou a Magritte para o retrato. Quando Magritte terminou a pintura em setembro e a entregou a James em Londres, James disse a Magritte em uma carta: "Meu amigo e eu pensamos que é um grande sucesso, na verdade uma obra de gênio" (citado em ibid., P. 250).

Esta é a fotografia original, na qual eu estou no meu quarto-escritório. Dei a sorte da textura da mesa ser muito parecida com a textura da mesa da pintura de Magritte. No lugar da pedra, usei o mouse do meu computador. O figurino é um terninho e uma gravata (que meu amigo Carvalho esqueceu comigo já tem um ano e nunca buscou kkk).

Um tanto quanto cansada e estressada de trabalhar via online. Para quem conseguiu trabalhar sobre esse novo regime, sabe das dificuldades pelo caminho, ficar dependente de internet, energia, equipamentos eletrônicos e etc. Mas também tenho muito a agradecer por ter condições de executar o meu trabalho e de ter um trabalho.

Dama com Gatinho

Dama com Gatinho  Óleo sobre tela, cuidando do gatinho com cautela. 2020
Dama com Gatinho Óleo sobre tela, cuidando do gatinho com cautela. 2020

Releitura Croftana de Dama com Arminho. Leonardo Da Vinci. Óleo Sobre Madeira. 1485.

Em fevereiro adotei esse neném, estava todo ensopado debaixo de chuva. Ele recebeu o nome do deus da chuva e dos ventos maia 'IK' e um sobrenome 'BONES, ficando então " Ikki Bones", o deus da chuva, dos ventos e dos ossos.

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Aí você se pergunta o porquê de 'ossos'? Ikki tem a coluna toda quebrada, ele anda todo tortinho, mas isso em nenhum momento tira sua alegria de viver. Em consulta com a sua veterinária, descobrimos como ele é machucado, como sua coluna é lesionada e ficamos impressionadas dele conseguir andar. Descobrimos também que ele sente muita dor e que está com pneumonia.

Essa releitura é uma das que eu mais queria fazer, todo dia fazemos esse procedimento duas vezes. Ele é muito bonzinho e quase nunca se recusa a respirar no nebulizador.

Há dias em que ele não está muito disposto a passar pelo procedimento, então eu faço bastante carinho, dou uns abraços, deixo ele se sentir amado e sempre explico que esse é o procedimento pra deixá-lo curado mais rápido.

Ele logo cede e fica quietinho em todo o processo, as vezes até dorme.

Eu acredito que os bichinhos sentem quando estão sendo cuidados e eles sabem todo o amor e carinho que eles nos despertam.

Dama com Arminho

Leonardo Da Vinci

Óleo sobre Madeira, 1485

Leonardo da Vinci pinta este retrato cerca de 1485. A modelo foi identificado como sendo Cecilia Gallerani. Esta dama era conhecida por ter sido poetisa e mecenas das artes.
A jovem aparece dirigindo a cabeça para o lado, girando-a ligeiramente por cima do ombro em atitude de escuta. O artista realiza um bom número de retratos femininos. Em todos eles, preocupa-se em captar a personalidade do seu modelo.

Na composição das obras deste gênero, costuma incluir uma série de elementos simbólicos que fazem alusão à personagem. Neste caso, o elemento simbólico é constituído por um arminho, cuja expressão feroz contrasta com a serenidade da moça, era um dos emblemas de Ludovico (seu amante). Este animal é sinal de nobreza, pureza e elegância. Talvez seja também sinal de astúcia e de caráter difícil. O termo grego que designa (gallen) sugere o sobrenome de Cecilia Gallerani.

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Esse vídeo é da primeira tentativa de reproduzir a obra.

Ikki Bones foi meu presente desse ano, uma brisa boa que 2020 trouxe pra mim. Chegou e já roubou meu coração. Quem já teve o prazer de estar em sua presença se apaixonou em duas mordidas e uma virada de barriguinha pra cima.

How Deep Is Your Love?

Quão Profundo É Seu Amor?


 Quão Profundo é o seu amor? Releitura Croftana de Final Curtain e da canção How deep is your love
Quão Profundo é o seu amor? Releitura Croftana de Final Curtain e da canção How deep is your love

Quão profundo é seu amor?

É como o oceano?

Qual devoção é a sua?

Quão profundo é seu amor?

É como o nirvana?

Eu quero de novo

Quão profundo é seu amor?

Me puxe para perto, de novo

Quão profundo é seu amor?

Abra meus olhos e

Me diga quem eu sou

Me deixe entrar em todos seus segredos

Sem inibição, sem pecado

Então me diga quão profundo é seu amor, pode ir mais fundo...

Me puxe para perto, de novo

Então me diga quão profundo é seu amor, pode ir mais fundo...

(Música: How Deep Is Your Love (feat. Disciples) - Calvin Harris)

Quantas vezes temos medo do amor? De nos entregar ao sentimento de paixão que surge ao conhecer alguém legal, que parece se encaixar naquilo que acreditamos ser 'bom pra gente'?

Quão partido já foi nosso coração...

E em meio a esse caos mundial, as coisas no peito parecem apertar mais. Existe a distância, que forçou de certa forma as pessoas a conversarem mais virtualmente e agora não dá pra segurar um papo se realmente não houver afinidade, os corpos não estão presentes 100% pra rolar a química e a física, o que temos é o intelecto e o humor como forma de compartilhar e de conhecer ao outro.

E com as coisas se mostrando tão passageiras agora, tão fáceis de se perder, de nos perder, de perder ao outro, será que nos tornamos mais atentos ao amor? Mais abertos? E mais amáveis com o próximo? Quão profundo pode ser o amor?

Será que o medo de se machucar de novo, diminui em frente a nova forma de ver o mundo e as possibilidades oferecidas por ele? Muda nosso olhar sobre o famoso 'cardápio humano' criado pelos apps de relacionamento? Quão aberto você está para o amor?

Estas são algumas das indagações que me fiz nesses momentos de quarentena... E então me diga quão profundo é seu amor?

Para essa produção eu prendi o tecido de cetim vermelho ao teto, com a queridinha de todo diretor de arte: a fita crepe. Fiz um fundo com o tecido preto de cetim e forrei o chão com tecido marrom de sued.

Posicionei a câmera sobre uma caixa em cima do meu sofá e usei um disparador remoto. Coloquei flash em 30 graus para manter a luz uniforme vinda da direção lateral (reta). E usei também iluminação natural da janela da minha sala.

A Inspiração veio da pintura Cortina Final do artista Truls Espedal e da música do Calvin Harris - How deep is your love.

Eu utilizei um coração de pelúcia de cor cinza e meu gato Ikki Bones apareceu de surpresa na foto hahahaha não foi nada proposital gente, acho que ele está gostando dessa vida de modelo rsrs.

Essa obra é uma pintura acrílica, de 2009, do artista norueguês Truls Espedal, chamada Cortina Final (Final Curtain) . Foi capa do CD e DVD da banda de Metal Gótico Theatre of Tragedy Last Curtain Call.

Moça com vacina e brinco de Pérola

Óleo sobre tela, vacina sobre a Terra

Releitura Croftana da pintura Moça com Brinco de Pérola do artista neerlandês Johannes Vermeer de 1665.
Releitura Croftana da pintura Moça com Brinco de Pérola do artista neerlandês Johannes Vermeer de 1665.

Vou citar duas fontes recentes sobre os avanços para o desenvolvimento e produção da vacina contra o COVID:

Um levantamento feito pelo Quartz aponta que o Brasil é um dos países com mais doses da vacina contra a covid-19 reservadas. Já são 220 milhões ao todo, sendo 120 milhões da chinesa Sinovac, desenvolvida com o Instituto Butantan, e 100 milhões da Universidade de Oxford, que mantém parceria com a AstraZeneca.... -

Fonte: Veja mais em https://noticias.uol.com.br/saude/ultimas-noticias/redacao/2020/07/30/brasil-e-um-dos-paises-com-mais-doses-da-vacina-da-covid-19-reservadas.htm?cmpid=copiaecola 30/07/2020

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Ruud Dobber, executivo da AztraZeneca, farmacêutica que produz uma vacina contra a Covid-19 junto à Universidade de Oxford, diz que a empresa está protegida de eventuais processos de países que assinaram contratos para fornecimento, como o Brasil. A entrevista foi concedida à agência Reuters.

"Esta é uma situação única em que a gente, como empresa, simplesmente não pode correr o risco se (...) em quatro anos a vacina apresentar efeitos colaterais", disse Ruud Dobber, membro da equipe executiva-sênior da AstraZeneca, à Reuters.

Fonte: https://g1.globo.com/bemestar/vacina/noticia/2020/07/31/vacina-de-oxford-protegeu-macacos-da-pneumonia-causada-pela-covid-19-mostra-estudo-publicado-na-nature.ghtml 31/07/2020

Acredito que muitos estão sonhando com a vacina e com poder finalmente socializar sem nenhum perigo de se colocar em risco ou algum familiar. Mas eu tenho alguns receios, um deles se remete a forçarem o processo da ciência, da investigação, do tempo que se leva para analisar, errar, recalcular e finalmente chegar a resposta satisfatória. E quando digo satisfatória aqui, é com o minimo do minimo de efeitos colaterais.

Ai caímos no segundo fragmento de notícia que eu citei, as grandes industrias farmacêuticas envolvidas já se protegeram legalmente contra processos por efeitos colateiras que a vacina pode causar no decorrer dos próximos 4 anos.

Ao ler isso eu já acredito que possam existir grandes efeitos colaterais, lembra o que eu disse sobre as coisas terem seu tempo de processamento? Então, eu acho que o tempo aqui está muito atropelado, a corrida pelo país que vai produzir primeiro a vacina e levar a bolada de grana do mundo... a corrida pela fama de ter os cientistas que produziram a vacina... a corrida do Ego? Não devemos esquecer que antes do nome 'farmacêutica' vem 'industria', e tudo isso visa lucro.

Não quero aqui de forma nenhuma menosprezar o trabalho incrível que os cientistas da área estão fazendo, muito pelo contrário, estou aqui refletindo também sobre o que esses profissionais devem estar passando, com pressão, cobranças, ameaças e com certeza com a cobrança pessoal de superação. (Eu enquanto estudiosa acredito que possa estar ocorrendo isso). É tão difícil fazer e viver de ciência (como da arte) e o meio não facilita muito.

Tendo em vista o quadro da pandemia, outra reflexão que me vem é que os países que não olhavam com bons olhos e bons investimentos para os estudioso de seu país, seus cientistas e seus artistas, que são os pilares que o mundo se sustenta agora (avanço científico e a Arte/Cultura segurando os surtos de ansiedade/depressão da galera pelo mundo), será que os incentivos e investimentos daqui em diante serão melhor direcionados para estas áreas? Estou sendo utópica?

São muitas perguntas e anseios que permeiam a minha cabeça, destas indagações nasceu essa releitura baseada no quadro de Vermeer, Moça com brinco de pérola, no casa aqui a vacina também é uma pérola.

Moça com brinco de pérola

Pouco se sabe da história da tela mais famosa de Vermeer, conhecida como "a Mona Lisa do Norte" ou "a Mona Lisa holandesa". Moça com brinco de pérola é seguramente a obra mais famosa do pintor e traz como protagonista uma jovem com ar sereno, doce, um olhar casto e os lábios entreabertos.

Conhecida como a "Mona Lisa do Norte", esta pintura representa o melhor da arte holandesa. Também envolta em mistério (muito parecido com a obra de Leonardo da Vinci), ela se tornou uma das pinturas mais amadas da história da arte.

Moça com vacina e brinco de Pérola

Para essa releitura posicionei um flash lateral iluminando toda a lateral do rosto e corpo e um flash de cima pra baixo iluminando o topo da cabeça e um pouco do lenço usado na cabeça.

Usei uma tecido marrom como manta sobre um jaleco de médico.

A seringa eu utilizo todo dia para ministrar os remédios para meu gato IKKI Bones que que está com pneumonia. 

HISTÓRIA DE HORROR DA JUSTIÇA BRASILEIRA - 2020
CAPÍTULO: O CONTO DE AIA/ A HISTÓRIA DE UMA SERVA

BRAZILIAN JUSTICE HORROR STORY - 2020

CHAPTER : THE HANDMAID'S TALE

HISTÓRIA DE HORROR DA JUSTIÇA BRASILEIRA - 2020

CAPÍTULO: O CONTO DE AIA/ A HISTÓRIA DE UMA SERVA

Justiça Brasileira
Justiça Brasileira

HISTÓRIA DE HORROR DA JUSTIÇA BRASILEIRA - 2020

CAPÍTULO: O CONTO DE AIA/ A HISTÓRIA DE UMA SERVA

"Eles rezando na frente do hospital só me lembrou a cerimônia de The Handmaid's Tale onde eles literalmente lêem a Bíblia pra justificar o estupro que vem em seguida"

"Ser mulher no Brasil é ser violentada pelo Estado, pela Religião, por terem convicção que nossos corpos são públicos. "

" Fanáticos religiosos usando a 'crença' para se apoderarem à força do corpo feminino e tomarem decisões que não lhe dizem respeito. "

"Pró-vida". "Estado Laico". Será mesmo?

"Aborto legal, seguro e gratuito para não morrer. Pela vida das meninas e mulheres."

Esse é um compilado de algumas reações do último acontecimento de grande revolta no Brasil, um país de tolos.

Essa fotografia é inspirada na série de TV The Handmaid's Tale (O Conto de Aia ou História de uma Serva) e na representação da escultura da Justiça Brasileira.

"The Handmaid's Tale" apresenta um futuro no qual uma casta de mulheres é estuprada e mantida em regime de escravidão para procriar. 

A Justiça, escultura de Alfredo Ceschiatti.

A Justiça é uma escultura localizada em frente ao prédio do Supremo Tribunal Federal, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, no Distrito Federal. A escultura representa o poder judiciário como uma mulher com os olhos vendados e espada; os olhos vendados representam a imparcialidade da justiça e a espada representa a força, a coragem, a ordem e a regra necessárias para impor o direito.

Na fotografia não temos a espada, pois quando se trata do corpo feminino nos é negada a força para impor o direito sobre ele.

Os olhos estão cobertos pelo manto, vermelho cor das escravas sexuais de Handmaid's Tale, cor também da fúria das mulheres que se levantam perante esse abuso. Aqui, represento a estátua começando a tirar a venda, pois a justiça precisa enxergar a escuridão em que ela foi posta, que ela não é imparcial e está na hora de se levantar, se posicionar.

Irônico como a Justiça é uma escultura feminina, não é mesmo? Uma deusa romana , correspondente a deusa grega Nice, filha de Zeus, guardião dos juramentos dos homens. Dos homens mas não das mulheres...

É passada a hora de se levantar e lutar perante as injustiças sobre o corpo feminino.

SÃO FRANCISCO AJOELHADO SOB FOGO E MORTE -2020

Óleo sobre tela, Morte sobre a Terra

Padroeiro dos animais em suplica pelo Pantanal.
Padroeiro dos animais em suplica pelo Pantanal.

Escolhi São Francisco pois o mesmo é conhecido como o padroeiro dos animais e protetor da ecologia. Na releitura se vê em olhar de suplica aos céus, com seu grito de socorro abafado pela bandeira do Brasil (Deus, pátria e Família - lema do atual governo), os olhos na penumbra caracterizando desespero e a caveira iluminada pelo fogo mas com as orbitas na escuridão, simbolizando todas as vidas ceifadas pela destruição da queimada que ainda se arrasta e o governo não toma medidas efetivas.

Usando dessa simbologia da morte que a todos acompanha, do olhar catatônico em desespero de São Francisco, da posição de joelhos em suplica e humildade, faço a releitura sobre o contexto de queimadas do Pantanal. Onde o Brasil arde em chamas de consequências e proporções descomunais, afetando nosso país e nosso planeta, em virtude da ganancia humana, destruindo fauna, flora e vidas indígenas, de valor inestimável e de impossível recuperação. E afetando também nosso clima e a vida 'das pessoas da cidade'.

Essa releitura foi desenvolvida no meu escritório, onde posicionei 3 luzes, de temperatura quente, laterais quase de contra, iluminado proporcionalmente toda a lateral direita meu corpo, figurino e do crânio que desenvolvi para a peça Hamlet do grupo do Corpo Cênico do ITEGO Basileu França.

A montagem foi feita com a fotografia de Amanda Perobelli, que retrata Sebastião Baldi Silva Junior, 40, que trabalha em uma fazenda tentando apagar o incêndio que chegou à fazenda. Fotografia publica na A Gazeta em 15/09/2020 para a reportagem A natureza sofre, Pantanal em chamas: 20 fotos que retratam a tragédia ambiental.

A obra de inspiração é de Francisco Zurbaran (1598-1664):

São Francisco ajoelhado com uma caveira nas mãos (1658)

Zurbaran pintou algumas versões do santo, nesta em especial São Francisco em Meditação (São Francisco ajoelhado com uma caveira nas mãos (1658)), o santo ajoelha, com as mãos entrelaçadas em oração fervorosa. Ele aperta uma caveira contra o peito lembrando o espectador da sua mortalidade. O tenebrismo austero, tão característico do estilo de Zurbarán, banha a figura com uma luz quase reminiscente do batismo espiritual, abolindo toda configuração e isolando São Francisco como o único foco da pintura.

Os estigmas, tão arraigados na percepção católica dele, mal são visíveis: uma marca tênue, apenas distinguível em sua mão direita, a única indicação de sua existência. A corda de São Francisco, que tradicionalmente prendia entre três e cinco nós para simbolizar as cinco chagas de Cristo, é amarrada em sua cintura. No entanto, apenas dois desses cinco nós são mostrados.

Talvez mais significativamente, a sombra de seu capuz capuchinho mergulha seu rosto na escuridão, seu nariz e boca são os únicos traços tocados pela luz. Ao contrário de muitas outras representações de São Francisco por artistas como Caravaggio e El Greco, o santo de Zurbarán não concentra sua meditação em um crucifixo, livro ou a caveira em suas mãos. 

De longe, vês os olhos dele, mas aproxima-te da tela e só se vê um vazio, como se São Francisco tivesse desaparecido nos seus pensamentos. E a escuridão dentro do capuz é espelhada pelas órbitas vazias do crânio olhando para ele. Os olhos da caveira conduzem-nos aos olhos de São Francisco que desaparecem nas trevas; vagamos pelas superfícies do mundo visível para um confronto com o desconhecido, com a morte e com o que, na crença de Zurbaran, deve estar além.

São Francisco está claramente passando por uma experiência psicológica intensa, mas em contraste com o tormento de obras posteriores como O Grito de Munch ou O Homem Desesperado de Courbet, São Francisco não olha para fora da tela em agonia emocional. Em vez disso, há uma direção em seu olhar: ele não está procurando por algo, mas por alguém. Aqui meu São Francisco, calado pela bandeira do Brasil, também suplica ajuda aos céus.

Zurbarán apresenta uma escolha clara: ajoelhar-se com São Francisco na luz ou derreter-se na escuridão.

Analogia que faço com a situação do Pantanal: Quando o Pantanal pega fogo, o Brasil queima. Até quando vamos ficar apenas de joelhos no fogo implorando salvação?

A Morte por Marasmo

Óleo sobre tela, calor na cidade dela. 

A Morte por Marasmo
Óleo sobre tela, calor na cidade dela.
Goiânia 40° graus.

Tentando sobreViver a base de ventilador, umidificador, frutas geladas, banhos a toda hora.
Tentando estudar, trabalhar, ler, assistir, tentado ser e não derreter...

Significado de Marasmo :
Condição da pessoa que se encontra apática; ausência de coragem; prostração.
Marasmo - condição adquirida pelo calor -Prostrada.

A Morte por Marasmo.
Releitura : A Morte de Marat(1793)
Jacques Louis David


A Morte de Marat - 1793   -  Jacques Louis David

O quadro "A Morte de Marat" representa um acontecimento emblemático da Revolução Francesa (o assassinato de um dos seus chefes políticos), denunciando em simultâneo as divergências e os conflitos internos que rodearam o processo revolucionário e que só foram solucionadas com a ascensão de Napoleão Bonaparte. Jean-Paul Marat, amigo pessoal de David, tinha uma doença de pele especialmente dolorosa que o obrigava a permanecer dentro de uma banheira durante o dia enquanto trabalhava. Um dia, Charlotte Corday entrou no aposento, tendo como pretexto a entrega de uma mensagem e assassinou-o, enterrando-lhe uma faca no peito. Para David, este quadro foi concebido como um monumento para um homem que foi simultaneamente herói, mártir e amigo. Embora dominada por uma forte emotividade, a obra deve também ser entendida a partir de um ponto de vista documental, enquanto testemunho e descrição da ação. Como em muitos outros trabalhos iniciais David, todos os objetos presentes na tela têm uma função concreta, tendo sido evitado qualquer detalhe ou alusão supérflua de forma a não prejudicar a clareza do tema. Desta forma, a composição é francamente encenada, de forma incluir todos os sinais e pistas para uma identificação e compreensão do acontecimento: a banheira, a faca, a carta, a ferida e o sangue.
Fonte: https://estoriasdahistoria12.blogspot.com/2013/05/analise-da-obra-morte-de-marat-de.html?m=1

Judite decapitando Holofernes


Óleo sobre tela, Vingança feita por elas. 2020. 

"Trancou o quarto a chave e depois me jogou sobre a cama, imobilizando-me com uma mão sobre meu peito e colocando um dos joelhos entre minhas coxas para que não pudesse fechá-las. E levantou minhas roupas, algo que lhe deu muito trabalho. Pôs um pano em minha boca para que não gritasse. Eu arranhei seu rosto e arranquei seus cabelos."

Esse é o relato de um estupro ocorrido há quatro séculos, no ano de 1611. A vítima era a italiana Artemisia Gentileschi, uma artista cujo talento pode ser comprovado pelo fato de ter sido a primeira mulher aceita na Academia de Belas Artes de Florença, na Itália.
Além de ter sido estuprada, ela teve de aguentar ver o agressor Agostinho Tassi livre e sua denúncia questionada abertamente. (Fonte: bbc)
O quadro Judite degolando Holofernes, é um manifesto que simboliza a vingança da pintora Artemisia em relação ao estuprador. Comparando as obras da pintora com várias outras sobre o mesmo tema, incluindo a de Caravaggio, é nítido que a Judite da pintora se distingue das demais. Enquanto os pintores apresentam uma personagem inexpressiva e passiva, Artemisia propõe uma heroína forte e concentrada.
Olhando a pintura-denúncia de Artemísia, a sensação é de que os 409 anos que nos separam, não significaram tanta evolução quanto gostaríamos.
Aparentemente a ideia de 'justiça com as próprias mãos' ainda é mais fácil e plausível do que recorrer ao sistema de justiça que humilha, duvida, culpa e envergonha a vítima. Como afirma a jornalista Ana Paula Araújo escritora do livro "Abuso: A Cultura do Estupro no Brasil":

"O estupro é o único crime que a vítima é que sente vergonha. E esse é um lado perverso desse pensamento machista que tenta jogar para a vítima a culpa de uma violência que ela sofreu. Tudo isso faz que a gente viva com medo, tira a nossa liberdade".

Não é uma roupa que define uma mulher, não use o discurso da roupa para desrespeita-las. Foto de biquíni, sensual, lingerie não te dá direto a invadir um corpo.
Antes de julgar, lembre-se você saiu de dentro de um útero de mulher!
A gente está pedindo respeito, vocês não vão mais nos calar!




Judite decapitando Holofernes
Artemisia Gentileschi, 1612.
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"Distorcido pela iluminação, resultando em uma severidade não glamorosa, seu rosto é duro, sem expressão, não revelando nenhuma emoção exceto a concentração em seu trabalho. [...] Essa Judite transgride todas as nossas expectativas do comportamento de uma mulher por não apresentá-la, em relação á sua própria ação, modestamente indiferente ou piedosamente nobre. (GARRARD, 1989. p.323).
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Olhando a pintura-denúncia de Artemísia, a sensação, é de que os 408 anos que nos separam, não significaram tanta evolução quanto gostaríamos.




Judite decapitando Holofernes
Óleo sobre tela, Vingança feita por elas. 2020.
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Não é uma roupa que define uma mulher, não use o discurso da roupa para desrespeita-las. Até porque vemos notícias todos os dias de crianças, idosos, mulheres com roupas de festa ou vestidas de burca, sendo estupradas. A roupa não é o problema.
Foto de biquíni, short curto, lingerie, sensual, não te dá direito ao corpo.
Não nos damos respeito porque ele é nosso por direito.
Foto e roupa NÃO são convites para você ser machista! Cruel! Não são permissões para invasão!
Antes de julgar, lembre-se você saiu de dentro do útero de uma mulher.

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